segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Próxima guerra de Israel à vista

Nesta última Sexta, uma reportagem do Canal 2 da TV Israelense apontou para os riscos de uma iminente guerra entre Israel e Hezbollah no Sul do Líbano. Esta reportagem informou que Israel está "fazendo planos e se preparando para uma guerra super violenta".

Coronel israelense Dan Goldfus, disse a reportagem que em uma eventual guerra contra o Hezbollah no Sul do Líbano, "Israel deverá utilizar considerável força para poder vencer e que terá que atuar decisivamente e drasticamente", devido a forte capacidade militar do grupo.

Parada Militar do Hezbollah no Líbano
(Crédito da Foto: Jamal Saidi/Reuters)

O Hezbollah é abertamente apoiado pelo Irã e possui mais de 100.000 foguetes, sendo 5.000 de longo alcance. Os foguetes de longo alcance estão localizados nas proximidades da capital Libanesa, Beirut, e poderiam causar considerável dano à Israel devido sua tecnologia ser superior aos foguetes utilizados pelo Hamas nesse último conflito.

O sistema antimísseis Domo de Ferro que permitiu Israel interceptar centenas de foguetes lançados pelo Hamas, evitando danos estruturais e minimizando o risco de causa civis, não será eficaz contra o poderio militar do Hezbollah. Portanto, as palavras de Goldfus "decisivamente e drasticamente" referem-se a Israel ter que agir rápido e com força para destruir esses foguetes ainda no chão antes de serem lançados.

Caso essa guerra aconteça, Israel deverá evacuar os civis que moram na região da Galiléia, norte do país, que faz divisa com o Líbano.

A reportagem ainda indicou que em 2012, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu avisou o secretário geral da ONU, Sr. Ban Kin-moon, sobre os possíveis danos que seriam causados as vilas Libanesas situadas no sul do país em uma eventual guerra contra o Hezbollah.

Assim como o Hamas construiu túneis de assalto para invadir Israel, residentes israelenses que moram próximos a fronteira com o Líbano declararam ouvirem ruídos que poderiam ser atribuídos a construção de túneis na região. Este processo teria se intensificado após a última guerra contra o Hezbollah em 2006, conflito conhecido como a Segunda Guerra do Líbano.

Ao final da reportagem, Goldfus concluiu que "quem pensava que o Hezbollah havia se enfraquecido devido as baixas na luta contra o Presidente Bashar Assad na Syria, se enganou", deixando no ar um sentimento na população israelense de que uma guerra contra o Hezbollah está mais próxima do que se imaginava.


Fazem pouco mais de 11 dias que a guerra contra Hamas na Faixa de Gaza parou, devido a um tratado de cessarfogo prolongado, deixando um saldo de mais de 2.000 Palestinos e 72 Israelenses mortos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Gaza: O Caso das Estufas

Recentemente, a noiva de George Clooney, Amal Alamuddin, foi oferecida um lugar no comitê da ONU que investigará se houveram crimes de guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza. Antes mesmo de assumir a posição, Alamuddin já deu seu veredito: 

"Estou horrorizada com a situação nos territórios ocupados da Faixa de Gaza, particularmente as vítimas civis e acredito fortemente que deve haver uma investigação independente e responsabilização pelos crimes cometidos"
Visto que Sra. Alamuddin desconhece o fato de que não há ocupação Israelense na Faixa de Gaza, decidi trazer um pouco mais de informações sobre o que ocorreu em 2005.

Em 2005 Israel retirou-se totalmente da Faixa de Gaza. O exército israelense largou os assentamentos, expulsou seus cidadãos, retirou seus militares e entregou cada centímetro de Gaza aos Palestinos. Não ficou nem sequer um soldado, colono, ou qualquer Israelense em Gaza. 

Na época, não havia embargo. Pelo contrário. Israel queria que esse novo Estado palestino tivesse sucesso. 

Para ajudar a economia de Gaza, doadores judeus, na maioria Americanos, compraram mais de 3.000 estufas dos colonos israelenses que lá moraram, por 14 milhões de dólares e transferiu-as para a Autoridade Palestina. O ex-presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, que intermediou o negócio, colocou meio milhão de dólares do seu próprio dinheiro. 


Estufas de alta tecnologia contruída por colonos
israelenses em Gaza. Produziam frutas, vegetais
e flores no meio do clima desértico e forneciam
emprego a milhares de Palestinos.

Israel abriu as fronteiras e incentivou o comércio, na esperança de que estas 3.000 estufas, que produziam frutas, vegetais e flores para exportação, seriam o impulso econômico necessário para mover a economia de Gaza, terminando assim o ciclo de violência. A idéia girava em torno do estabelecimento do modelo de dois Estados, com convivência pacífica e produtiva lado-a-lado.

Simultaneamente à retirada dos colonos israelenses de Gaza, Israel desmantelou quatro assentamentos localizados no norte da Cisjordânia, em um sinal claro do desejo de Israel de deixar definitivamente, também, a Cisjordânia. 


Nunca antes na história um governante anterior - nem Egípcio, nem Britânico, nem Turco - havia dado a eles a oportunidade de finalmente estabelecer um Estado Palestino. Mas como foi que os Palestinos de Gaza reagiram à todas essas concessões israelenses? Eles saquearam os assentamentos e queimaram as estufas. 


Assim ficaram as estufas poucas semanas depois
que os Israelenses deixaram Gaza. Palestinos
saqueram os assentamentos e queimaram as estufas.

No momento do saque a Autoridade Palestina publicamente se manifestou: "O fracasso das forças de segurança palestinas para impedir a destruição das estufas e os saques nos assentamentos, após a retirada das tropas israelenses nesta segunda-feira, levantam novas preocupações sobre o futuro de Gaza". 

A AP estava correta pois pouco tempo depois os Palestinos de Gaza elegeram o Hamas e o futuro de que a AP se referia com preocupação, chegou e todos nós já conhecemos muito bem. 



Depois de um ano, tropas isralenses invadiram Gaza
para parar os lançamentos de foguetes do Hamas e
descobriram que muitas estufas foram transformadas
em estruturas militares.

Então, ao invés de construir um Estado palestino com instituições políticas e econômicas, aproveitando-se da retirada do exército israelense e dos colonos, atrelado a total entrega dos assentamentos e das estufas e abertura das fronteiras para florecimento econômico, o Hamas passou a maior parte da década transformando Gaza em uma base militar em massa, repleto de armas e túneis, para fazer uma guerra incessante contra Israel.

Uma pena, pois a população Palestina poderia ter tido um futuro melhor tivesse aproveitado as oportunidades deste momento histórico.


Nota: Em dedicação ao meu amigo Vilmar Dinis Jr. que sempre diz ter sido este o maior erro de Israel dos últimos tempos.

Referências: "Moral Clarity in Gaza" e "Looters Strip Gaza Greenhouses" publicados na WP e AP respectivamente.

Crédito das fotos: Tom Gross, em http://www.tomgrossmedia.com/ExodusFromGaza.html





Por: Daniel Rabetti

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Colaboração: Edgard Padula

Drones Israelenses abatidos no Iraque, Irã e em Gaza

Somente durante esta semana, drones Israelenses (mini avião não tripulado) foram abatidos em três localidades diferentes do Oriente Médio: Iraque, Irã e na Faixa de Gaza.

Ontem, a rede de televisão árabe Al-Mayadin informou que um drone Israelense foi abatido nas proximidades do aeroporto internacional de Bagdá, Iraque. A agência de notícias Iraniana, Fers, adicionou que membros da Embaixada Americana correram para o local para a retirada dos destroços.

A Guarda Revolucionária Iraniana, nesta Terça-feira, ameaçou uma resposta militar à Israel após informar que derrubou outro drone que sobrevoava as proximidades de uma usina nuclear Iraniana. Além disso, disseram que irão aumentar o envio de armas a Cisjordânia e que poderão, caso outro drone Israelense invada o espaço aéreo Iraniano, a qualquer momento, responder com força.

Uma brigada do Hamas, Izzadin Kassam, também, informou pelo Twiter ter interceptado um drone Israelense no leste de Shejaiya, na cidade de Gaza. No post, a brigada incluiu uma foto de um membro do Hamas segurando uma parte dos destroços do drone. Ainda, disseram que irão publicar um vídeo comprovando seu abatimento.

Israel entrou em um acordo prolongado de cessarfogo com o Hamas esta semana, onde ambos os lados cantaram vitória sobre o término temporário do conflito.

Por: Daniel Rabetti


Refererências: 

1) http://www.jpost.com/Arab-Israeli-Conflict/WATCH-Iran-displays-Israeli-drone-allegedly-shot-down-near-nuclear-facility-372206

2) http://www.jpost.com/Arab-Israeli-Conflict/Report-Israeli-drone-shot-down-in-Iraq-372591








terça-feira, 26 de agosto de 2014

Israelense lidera busca da cura do Ebola

O virologista israelense, Dr. Leslie Lobel, e sua equipe da Universidade de Ben-Gurion, estão se aproximando do que seria uma vacina e tratamento de coquetéis para o Ebola. Porém antes de nos aprofundarmos nas pesquisas de Lobel, vamos entender primeiro o que é o Ebola.

O que é o Ebola?
O Ebola é uma doença das mais mortais do mundo e é transmitida com muita facilidade, principalmente em países onde implementar um sistema de quarentena para os pacientes é difícil. E com isso, evitar que a doença se espalhe é praticamente impossível. A transmissão do vírus é realizada através do contato direto com fluidos do portador do vírus.

Ilustração do Vírus Ebola (Crédito: Maclean's)

Os sintomas, normalmente, aparecem depois de dez dias de contato com o vírus. Os sintomas iniciais são semelhantes ao de uma gripe comum, como dor de cabeça, dor nos músculos e febre; porém em boa parte dos casos, o paciente apresenta hemorragias leves. A próxima fase da doença é mais agressiva, os vasos sanguíneos dilatam e começam a perder fluidos. Hemorragias se intensificam e o paciente perde sangue pelos olhos, ouvidos, nariz, boca, ânus e até mesmo pelos poros da pele. Crises de vômitos e diarréia também aparecem desidratando ainda mais o paciente. A pressão sanguínea cai muito acarretando o danificamento generalizado dos órgãos internos. A pele, então, apresenta coágulos e bolhas de sangue, por isso o nome da doença é Ebola.

O paciente possui noventa por cento de chances de morrer já nas primeiras semanas de contágio. Os países africanos Serra Leoa, Guiné, Libéria e Nigéria são os países que atualmente mais sofrem com a epidemia da doença. O clima quente desses países propicia a proliferação de morcegos, onde estudiosos acreditam serem os hospedeiros do vírus. Além disso, as péssimas condições de higiene e sociedades com cultura tribal fazem com que um portador da doença rapidamente a transmita para a população local. Os mortos de Ebola muitas vezes são abandonados nas ruas, pois as pessoas temem removê-los e se contagiar. Além disso, em lugares que a epidemia atinge, os moradores fogem para outras localidades com medo de contrair a doença, alastrando ainda mais o vírus. 

O vírus foi primeiramente identificado em 1976 no antigo Zaire, hoje República Democrática do Congo, por Peter Piot, diretor de uma organização que estudava o vírus da AIDS em países africanos. Piot também descobriu os primeiros sintomas da doença e sua forma de contágio, depois de visitar por diversas vezes pacientes com Ebola e acompanhar o desenvolvimento da doença. 

Em Busca da Cura
A pesquisa de Lobel é baseada em mais de dez anos analisando o sangue de pacientes que sobreviveram ao vírus em Uganda, África. Após a coleta do sangue, Lobel e sua equipe estudam as amostras em laboratórios de ponta da Universidade de Ben-Gurion em Israel.



Dr. Leslie Lobel em seu laboratório na Universidade

de Ben-Gurion (Crédito: Flicker)


A ideia de Lobel é desenvolver uma vacina baseada nos anticorpos destes pacientes e que possa rapidamente ser assimilada pelo sistema imunológico humano oferecendo, portanto, condições de combater o vírus já em seu estágio inicial de contágio.

Lobel estuda centenas de pacientes que sobreviveram ao vírus em Uganda. Ele disse ao jornal Times of Israel que demorou anos para conseguir a confiança dos pacientes porque, segundo os Ugandeses, os médicos são vistos como os principais responsáveis por trazer e espalhar as doenças.

Ele acrescentou, ainda, que "enquanto no Ocidente quem vence uma doença mortal é abençoado, na Uganda quem sobrevive ao Ebola é amaldiçoado", o que dificulta em muito em conseguir pessoas para auxiliá-lo em suas pesquisas. A epidemia atual que afeta o oeste da África atingiu uma população desprovida dos meios de efetivamente isolar os contagiados, intensificando o alastramento do vírus.

Infelizmente ainda não há cura para o Ebola. Porém Lobel e sua equipe estão muito próximos da vacina e do tratamento da doença. Espera-se que já nos próximos anos a vacina e o tratamento do Ebola seja possível. O mundo e milhares de Africanos depositam em Lobel suas únicas esperanças e aguardam ansiosamente o momento em que Ebola seja somente um terror do passado.



Por: Daniel Rabetti,

Daniel é professor assistente na Interdisciplinary Center Herzliya e escreve para os jornais The Jerusalem Post e Times of Israel. Alguns de seus artigos foram publicados em blogs, revistas e jornais de grande circulação em Israel e no Brasil.



Referências: 
1)  http://www.jpost.com/Enviro-Tech/Israeli-Ebola-researcher-unique-in-learning-how-some-victims-survive-370044
2) http://www.timesofisrael.com/israeli-scientist-leads-search-for-ebola-cure/
3) http://www.haaretz.com/life/science-medicine/.premium-1.609526

O Drama dos Yazidi

Se você acompanha as notícias do Oriente Médio, em especial sobre a expansão territorial do grupo ISIS - Islamic State of Iraq and Syria, conhecidos também como somente IS - Islamic State, deve ter ouvido falar dos Yazidi, minoria étnica Iraquiana que se viu encurralada no Monte Sinjar, sem comida nem água.

Neste artigo, trago a você leitor do blog, mais informações sobre quem são os Yazidi.

Nota: A partir de agora chamaremos o ISIS somente de Estado Islâmico.

Drama Humanitário no Monte Sinjar
Estima-se que dezenas de milhares de Yazidi conseguiram escapar para o Curdistão das garras do grupo Jihadista Estado Islâmico, deixando tudo para trás e caregando somente as roupas do corpo e poucos pertences em sacolas plásticas. Parte encontra-se, ainda, nas localidades Norte do Iraque onde estariam sendo executados, convertidos ao Islã ou feitos de escravos pelo Estado Islâmico.

Outros 50.000 estariam já há alguns dias encurralados no Monte Sinjar, com pouquissímo acesso a água e comida. Mantimentos como água e comida chegam aospoucos jogados por aviões dos Estados Unidos, Inglaterra, Turquia, Iraque e Curdistão. Porém, devido o relevo montanhosos, muitos grupos Yázidis estão espalhados, e os mantimentos não alcançam a todos, agravando ainda mais a situação.

A jornada ao Monte Sinjar foi extremamente difícil. Dias e dias sobre o solo quente de verão, sem comida e água suficiente para todos. Centenas de pessoas morreram de desidratação. Outra centena de maioria mulheres e crianças foram raptadas pelo Levante Islâmico e provavelmente viraram escravos.


Yazidi fogem do EI para o Curdistão (Crédito: Ari Jalal/Reuters)

Origem
Embora os Yazidi estejam passando por um verdadeiro drama humanitário no Monte Sinjar, esta não é a primeira vez que eles sofrem perigo de genocídio. A tradição Yazidi costuma dizer que houveram na história 72 tentativas de genocídio. A mais recente remonta da metáde do século XIX, onde os Yazidis foram perseguidos religiosamente pelo império Otomano.

Eles não são nem árabes, nem Curdos, embora a maioria utilize o idioma Curdo em sua comunicação. Alguns estudiosos apontam que os Yazidi têm origem em tribos indo-européias e teriam se estabelecido no Nordeste do Iraque pelo Shaik Adi Ibn Musafir, descendente do califa Omeya Mawan, no século XII.

Eles têm vivido por séculos isolados geograficamente em pequenas vilas aos arredores do Monte Sinjar no Nordeste do Iraque e na cidade de Sinjar.

Religião

A religião dos Yazidi é secular e complexa. Tem uma mistura de elementos Islâmicos, Cristãos e de outras religiões ancestrais persas, além de capturar elementos do Mitraísmo, uma religião mística originada no Leste do Mediterrâneo. Esta combinação de religiões que levam os muçulmanos mais tradicionais a condená-los por heresia e a chamá-los de "adoradores do demônio".

A figura divina máxima dos Yazidi é o anjo caído Melek Taus que teria como papel principal intermediar entre os homens e um Deus único. A tradição religiosa é passada de geração para geração oralmente, não havendo um livro único que concentre os dizeres religiosos, como é o caso de outras religiões como a Cristã, Islâmica ou Judáica.

Semelhantemente ao Judáismo, o a religiãoYazidi não é de conversão, você nasce e morre Yazidi. Com isso as comunidades se fecharam nas proximidas da cidade de Sinjar e se afastaram de uma integração com o estado Iraquiano, que tem como maiores grupos religosos os árabes sunitas e xiitas.

Durante o período de Saddam Hussein
O ditador Iraquiano Saddam Hussein, que se popularizou no Ocidente por invadir o Kuwait no que culminou na Guerra do Golfo Pérsico, foi responsável por uma tentativa de arabização das minorias étnicas do Iraque, principalmente contra os Curdos.

Durante este período, Yazidi que viviam nas montanhas do Nordeste Iraquiano foram forçados a migrar para os centros urbanos, perdendo a identidade rural e o isolamento geográfico responsável por manter por séculos as tradições culturais e religiosas deste povo. A maioria foi forçada a migrar para a cidade de Sinjar, construída por Saddam Hussein.


Familias inteiras escapam de Sinjar, Iraque (Crédito: Reuters)


Período de Transição dos EUA para o atual Governo de Bagdá
Depois da queda de Saddam Hussein em 2003, o exército Americano acompanhou o período de transição de poder político para um novo Governo estabelecido em Bagdá. Este novo Governo seria composto pela minoria árabe xiita sob o controle do primeiro ministro Malik. O que acarretaria em forte oposição da maioria sunita e de outros grupos minoritários, como os Curdos.

Com isso, os Curdos conseguiram uma maior autonomia na região Nordeste do Iraque, protegida pelos interesses norte-americanos. Porém nada foi feito quanto aos Yazidi e a região aos redores do Monte Sinjar. Anteriormente a invasão do Levante Islâmico à região, a mesma já era alvo de disputas entre Curdos e o Governo de Bagdá.

A grande oposição Sunita ao Governo de Malik implicou na segmentação do Iraque onde o grupo Levante Islâmico conseguiu facilmente dominar as regiões Norte do país.

A esperança Yazidi
Os Yazidi sofrem com o avanço do Levante Islâmico em direção região nordeste do Iraque. Aqueles que conseguiram fugir ao Curdistão, deixaram para trás tudo o qeue tinham, se distanciando dos laços culturais com as terras sagradas do Monte Sinjar para se juntar aos milhares que se refugiaram nas ruas do Curdistão.

Os que ficaram isolados na cidade de Sinjar, a esta altura foram totalmente brutalizados pelo Levante Islâmico, tornando-se escravos ou sendo forçados a integrar a milícia.

As dezenas de milhares de Yazidi que se encurralaram no Monte Sinjar tentam desesperadamente sobreviver com o escasso acesso a água, comida e remédios, e torcem esperançosamente por uma intervenção externa, dos Curdos ou do Governo de Bagdá.

Atualização
Parece que a entidade divina Melek Taus ouviu as preces Yazidi. Últimas notícias apontam que tropas Curdas conseguiram escoltar 20.000 Yazidis para o Curdistão, auxiliados pelo bombardeio aéreo dos Estados Unidos que manteve as forças do Levante Islâmico à distância. Também, centenas de crianças e idosos foram resgatados por helicópteros Curdos e Iraquianos. Porém, estima-se que 20.000 Yazidi ainda encontram-se encurralados no Monte Sinjar.


Por: Daniel Rabetti

Daniel Rabetti é professor assistente na Interdisciplinary Center Herzliya e escreve para os Jornais The Jerusalem Post e Times of Israel. Alguns de seus artigos foram publicados em blogs, revistas e jornais no Brasil.

Facebook: facebook.com/daniel.rabetti
Twiter: @drabetti

Blog: ultimasdoorientemedio.blogspot.co.il/



Créditos das fotos:
1) http://www.cbc.ca/news/world/iraq-conflict-hundreds-of-yazidi-women-reportedly-captured-by-isis-1.2731561
2) http://www.ibtimes.co.in/isis-executes-yazidi-men-kidnaps-children-takes-women-jihad-marriage-606110

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Baladômetro do Oriente Médio




Por: Paulo Guimarães

Paulo é Paulista de Campinas, SP, 51 anos, Engenheiro de Alimentos, cronista e poeta amador foi "adotado" pela comunidade judaica de SP desde 1986, com filhos judeus desde 1991.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ISIS - Estado Islâmico do Iraque e do Levante

Enquanto o mundo concentrou suas energias no conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante - ISIS em inglês, espalhou o terror em atrocidades que fariam até o mesmo o pior militante da Al-Qaeda ficar com medo. 

Neste artigo, trago algumas informações sobre mais um grupo radical islâmico que nasce no Oriente Médio.

Qual o propósito do ISIS?
O ISIS quer implementar um califado islâmico sunita na região, baseado nas leis da Sharia, onde um Califa teria o total controle político, religioso e econômico. O modus operandi do ISIS é extremamente cruel, onde quem não é sunita deve se converter, fugir ou ser decapitado, enquanto as mulheres são utilizadas de escravas. O ISIS é responsável por crucificar, decaptar, executar e enterrar vivo membros de outras facções, sunitas moderados, cristãos e xiitas.

Como eles surgiram?
O grupo não surgiu da noite para o dia. O ISIS vêm realizando ataques no Iraque por mais de 10 anos. Porém uma série de eventos recentes auxiliaram em seu fortalecimento. Primeiro foi a derrubada de Saddam do poder, aumentando a força de grupos segmentados que antes eram repreendidos pelo ditador Iraquiano. Depois, com a retirada do exército Americano do Iraque por Obama, o ISIS viu-se livre de uma oposição forte nos setores Norte do país. Além disso, Obama liberou os líderes do ISIS, que foram presos durante o regime do Saddam. Com isso o grupo, que até então estava enfraquecido, ganhou vida.

O que o ISIS controla?
Eles já dominam o Sudeste e Leste da Síria e o Norte e Noroeste do Iraque. A soma territorial se equipara ao tamanho da Jordânia. No Iraque, o ISIS controla a segunda maior cidade Iraquiana, Mossul. 

Mapa Territorial do ISIS


Qual a situação na Síria?
Assad está conseguindo manter boa parte da Síria em seu controle, incluindo a capital Damasco. Porém o ISIS tem muita força em sua cidade sede Raqqa, no leste e sudeste da Síria. O ISIS encontrou um alinhamento ideológico com os rebeldes que querem derrubar o regime de Assad, o que facilitou a conquista territorial. Concentra-se nas mãos do ISIS mais de um terço do território Sírio. O ISIS ainda ameaçou invadir a Turquia, caso esta não interrompa o fornecimento de água potável as regiões controladas por Assad.

Qual é a situação no Iraque?
O ISIS entrou no Iraque pela região Noroeste ao longo do curso do rio Eufrates. Domina, neste momento, aproximadamente dois terços do país. O curso de conquistas foi facilitado pela identificação dos muçulmanos sunitas com o grupo ISIS. Os sunitas do Iraque estavam descontentes com o Governo de Malik e não impuseram muitas resistências no avanço do ISIS. Porém, a história é diferente nas proximades de Bagdá, região central e sul do Iraque, onde grupos rivais Xiitas lutam para impedir o avanço do grupo. A sorte não foi a mesma na região norte, de maioria cristã, onde uma catástrofe humanitária está acontencendo.

E quanto a população local?
Estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham fugido do ISIS e procurado refúgio no Líbano, Jordânia, Síria e Curdistão. Mais de 200.000 cristãos da região Norte do Iraque abandonaram suas casas e fugiram ao Curdistão. Na cidade cristã Mossul, segunda maior do Iraque, ocorreu um verdadeiro massacre de cristãos e destruição de igrejas milenares. Além disso, 50.000 Yázidis, minoria com antigas raízes indo-européias, se encurralaram no Monte Sinjar e estão correndo perigo de genocídio, por falta de alimentos, água e ataques do ISIS.

Cerca de 50.000 Yázidis estão encurralados no Monte Sinjar,
sob as altas temperaturas de verão, sem água e sem comida.


Mas e os Estados Unidos?
O Presidente Obama anunciou que irá proteger Bagdá somente se o atual Governo de Malik for substituído. O Governo de Obama atribui à Malik a incompetência em formar um Governo de inclusão dos diversos grupos étnicos Iraquianos e favorecer somente os Xiitas. Porém, Malik mostra-se resistente, provavelmente inspirado por Assad na Síria. Com isso, os EUA limitaram sua ação para ataques aéreos na região norte para evitar o avanço do ISIS no Curdistão, seu aliado. Enquanto na Síria, os EUA se posicionam em favor aos rebeldes que vêem enfrentando Assad por meses em uma guerra civil que já deixou mais de 200,000 mortos, e pelo visto, não irão barrar o avanço do ISIS na região.

Quais são as conseqüências?
Enquanto Assad consegue impedir o avanço do ISIS na Síria, há indícios que o ISIS se direciona rumo ao Líbano, onde tem como inimigo o grupo Xiita Hezbollah. Já no Iraque, a situação é mais crítica pela falta de uma integração dos grupos étnicos e seus diferentes interesses. É muito possível que o Iraque seja dividido em três partes, a região dominada pelos sunitas ISIS (Noroeste), o Curdistão que incluí Curdos, Cristãos e possivelmente Yazidi (Norte) e a região de Malik, na qual inclui Bagdá e outras cidades onde vivem a maioria dos Xiitas Iraquianos (Centro e Sul).

Os avanços do ISIS preocupa não só os Governos do Iraque e da Síria, porém toda a população sunita moderada, xiita, cristãos e outras etinias da região. A crueldade do grupo evidencia que eles não pouparão esforços para expandir ainda mais o califado e que, muito possivelmente, um novo estado será proclamado em seus territórios. O Iraque, por si só, não tem forças para combater o ISIS, equanto a Síria, além de combater os rebeldes, ainda terá que manter a segurança das cidades controladas por Assad.


Informações baseadas em artigos do The New York Times e The Economist.

Por Daniel Rabetti
Professor Assistente na Interdiciplinary Center Herzliya,
Vive em Petah Tikva, Israel, desde 2009

Revisão e Contribuição: Edgard Padula

Fonte das fotos, 1) http://mashable.com/2014/06/13/iraq-implodes-isis-isil/ 2) http://www.dailymail.co.uk/news/article-2719698/President-Obama-authorises-airstrikes-Iraq-defend-civilians-Islamic-militants-swarming-country.html